Desde 1991, a Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon) representa nacionalmente os empresários com 37 sindicatos distribuídos em 26 Estados e no Distrito Federal. São mais de 400 mil empresas que atualmente contam com a luta contra a alta carga tributária e a burocracia ministrada pela Fenacon, presidida por Mario Elmir Berti. Paranaense, de São José dos Pinhais, Berti comenta nas linhas a seguir os desafios enfrentados com a condução da política econômica brasileira. Aliada aos princípios de legalidade, moralidade, publicidade, impessoalidade e eficiência, a Fenacon é filiada à Confederação Nacional do Comércio (CNC) e garante que o desenvolvimento das empresas brasileiras dependerá de boas políticas públicas. 

entrevista

Quais são os vínculos, como é a relação entre Fecomércio, SEBRAE e Fenacon?

– Vínculo formal não existe, pois enquanto nós somos uma entidade de representatividade laboral, de abrangência nacional, filiados a CNC, a Fecomércio abriga em seu bojo os sindicatos de comércio de seus respectivos estados. E o SEBRAE é um órgão do governo que recebe verbas compulsórias e tem por objetivo fomentar o empreendedorismo. No entanto, no que diz respeito ao SEBRAE, mantemos estreito relacionamento, com vários convênios já firmados entre nossas duas entidades e que tem trazido frutos muito importantes. Com a Fecomércio, por terem abrangência estadual, mantemos bom entendimento, mas através de nossos sindicatos estaduais, com a Fecomércio de cada estado.

– A Fenacon foi fundada em São Paulo e lá tiveram início seus trabalhos. O que motivou a transferência da sede para Brasília?

– A razão principal é a de que, como defendemos assuntos de ordem federal, havia necessidade de estarmos próximos de onde acontecem todas as emanações legais que afetam nossos representados.

– Um dos combates da Fenacon é contra a alta carga tributária brasileira. Vocês estão satisfeitos com a condução do governo Dilma nesta questão?

– Não. Porque entendemos que, especialmente com relação às empresas de serviços, a carga tributária é excessiva. Ainda mais se levarmos em conta que este é o setor que mais gera empregos. Como um contrassenso desta afirmativa, quem mais gera empregos é quem mais paga impostos.

– Sabemos que a presidente da República dificulta os diálogos com os empresários no país com sua postura centralizadora. O senhor notou este sintoma na Fenacon? Como ficam os ânimos dos empreendedores?

– Sim, existe mesmo a dificuldade de os empresários serem atendidos em suas reivindicações. No entanto, é preciso ser honesto para dizer que estão acontecendo algumas ações, permitindo esta aproximação. Como exemplo disso é a Fenacon ter sido convidada para participar do Comitê Interministerial de combate a burocracia. Os empreendedores sentem-se, na verdade, órfãos neste sistema.

– O ex-presidente Lula chegou a afirmar que a economia ia mal também devido ao “humor” dos empresários. Afinal, estamos realmente avançando?

– Também pudera! Quem poderia ter bom humor, com a carga tributária nas alturas e a burocracia emperrando o progresso do empresário? E dá para dizer, sem medo de errar, que a economia como um todo passa por um período de turbulência, e de retração, sem falar na inflação que está rondando nossas vidas. As medidas recentes são meros paliativos. Seria necessário uma reforma tributária, previdenciária e trabalhista radical e urgente.

– O que pode travar e até prejudicar o desenvolvimento do setor de serviços no país?

– Penso que a carga tributária é fator importante na dificuldade do empresário de serviços. Por outro lado, a despeito disso tudo, o setor tem se mostrado com crescimento tímido, porém positivo. Uma reforma trabalhista, repito, é mais do que urgente, pois estamos sob a regência de uma lei com mais de 60 anos, que precisa ser revista e atualizada.

– Quais são as principais necessidades para o desenvolvimento do país neste momento?

– As reformas já mencionadas e uma urgente revisão dos custos para se manter a máquina do governo, que ultimamente cresceu assustadoramente no seu custo com pessoal, o que inviabiliza investimentos em saúde, educação e segurança, por exemplo. Uma medida neste sentido poderia ocasionar menor necessidade de arrecadação e, consequentemente, uma carga tributária mais justa, que certamente propiciaria melhores condições de desenvolvimento para os empresários.

– Nossa economia não está forte, pelo contrário. No quê pecou o governo de Dilma e como isso afetou e tem afetado o microempreendedor?

– A falta de políticas mais eficazes direcionadas ao desenvolvimento dos microempresários e a falta de colocar em prática o que a própria lei determina que é dar tratamento diferenciado, oferecer crédito mais acessível e compras governamentais.

– Como lidar com a forte burocracia?

– Este é um mal que assola o País há muito tempo e muito se tem falado e pouco vemos na prática. Penso que uma revisão urgente nos procedimentos de abertura e encerramento de empresas, uma integração cadastral entre os órgãos públicos envolvidos e a criação urgente de cadastro único para empresas e empresários.

– A chegada da Copa trouxe alívio e boas notícias ou há ainda muito o que fazer?
– Infelizmente, trouxe mais problemas do que alívio, porque a desorganização trouxe mais corrupção e obras inacabadas, o que, no meu ver, é pior do que se nem tivesse sido começado. Com respeito ao turismo, isto sim, nos traz divisas, recursos e possibilidade de nos tornarmos mais conhecidos. Alguns setores obtiveram êxito neste aspecto.

– São mais de 400 mil empresas em todo o país que confiam na Fenacon. Qual é a importância desta responsabilidade?

– É de um tamanho que não tem como definir, pois são 400 mil empresas, através dos nossos sindicatos filiados (Sescon´s e Sescap´s), que depositam sua confiança em nosso sistema para tentar resolver todos os problemas que afligem os empresários, conforme vimos nas respostas anteriores. E neste mister, é preciso reconhecer que o Sistema Fenacon é muito bem visto pelos poderes constituídos, com acesso fácil e com a possibilidade de sermos ouvidos, o que já é um avanço considerável.

– Qual é o primeiro passo para aquele empresário que queira ser representado pela Fenacon?

– Na verdade, a Fenacon não representa diretamente os empresários. Estes são representados pelos sindicatos filiados a Fenacon – Sescon´s e Sescap´s –, que existem em todos os estados brasileiros. E para fortalecer o sistema, ver suas reivindicações atendidas e podermos juntos buscar soluções, basta procurar o sindicato de seu respectivo estado, associar-se e usufruir de tudo que podemos oferecer.

– Quais serão os principais benefícios que este empresário terá com esta associação?

– Os sindicatos locais mantêm longa lista de convênios, os mais diversos, além de oferecer cursos presenciais e à distância com conteúdos de real interesse de todos. Ainda oferece certificação digital a preços acessíveis e atendimento diferenciado. Mas diria, que o principal mesmo é colaborar, nos dando oportunidade de levar às esferas diversas de governo todos os anseios e angústias de nosso dia a dia.

– O forte do Brasil é mesmo o Agronegócio ou Comércio e Serviços têm um ponto a mais neste ranking?

– Pela informação que temos, em termos de geração de empregos, o setor de serviços é campeão. Em volume de negócios também figura muito bem no ranking, mas ainda carece de um melhor preparo e investimento, o que vem acontecendo de forma tímida.

Fonte:  Brasília em Dia

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