Postado em 26/10/2016 – Fonte: Grupo Skill/Contábeis
O crescimento não é garantia de que os negócios serão bem sucedidos, afirma o presidente da Fenacon
A recessão financeira que o país vive, além do alto índice de desemprego (que já passa dos 11%), tem feito com o que o brasileiro opte por investir em negócios próprios.
Com essa ideia em mente, boa parte dos novos empreendedores opta por se tronar Microempreendedor Individual (MEI) , uma vez que a modalidade apresente maiores facilidades e um custo de manutenção menor.
Essa tendência pode ser comprovada por números, já que, segundo dados da Receita Federal, 429,8 mil pessoas se tornaram MEI entre janeiro e maio deste ano. Essa marca é 7,09% superior a registrada nos mesmos cinco meses de 2015. Ao todo, o programa MEI já formalizou mais de 6 milhões de empreendimentos em todo o país, durante seus sete anos de existência.
O crescimento no número de microempreendedores individuais, entretanto, não é garantia de que os negócios serão bem sucedidos, conforma afirma Mario Berti, presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon).
“Percebemos que a quantidade de novas micro e pequenas empresas em busca de orientação especializada cresceu, mas a longevidade desses negócios ainda preocupa. O maior problema é que as pessoas acham que basta abrir um novo negócio e sair vendendo, seja mercadoria ou serviços”, analisa.
Outra vez as estatísticas ajudam a dar um melhor panorama para esse quadro. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), 26,16% das micro e pequenas empresas (MEIs incluídos) fecham antes celebrar dois anos de vida.
Entre os motivos que resultam no fim precoce desses negócios, novamente de acordo com o IBPT, está a falta de conhecimento do mercado e das regras para manutenção da empresa.
Os primeiros dois anos
Logo, o cuidado que os novos empreendedores devem ter é grande, em especial durante os dois primeiros anos de existência do negócio. E o primeiro passo para não ter dificuldades nesse período tão determinante consiste em pesquisar e analisar todos os aspectos do mercado.
“Antes de abrir uma empresa, é preciso estruturar um plano de negócios e, principalmente, conhecer as obrigações tributárias de cada modalidade”, ensina a contadora Mariolanda Terres.
Para ela, a fase de preparação deve contar com uma pesquisa de mercado, como local, quantidade de pessoas que passam pela região, além de entender quais são as necessidades do consumidor.
Misturar os caixas e finanças pessoais com os da empresa é algo que também que deve ser evitado, mas que é muito frequente especialmente por empresários pouco experientes.
Inadimplência
Outro ponto importante é o cuidado com prazos e vencimentos de suas obrigações, para evitar cair na inadimplência. Entre os MEIs, de acordo com a Receita em números referentes aos boletos que deveriam ser pagos em abril de 2016, 57,6% encontravam-se nesta situação.
“É importante acompanhar as alterações realizadas ano a ano e, procurando um profissional da contabilidade, é possível ter informações precisas e com maior clareza sobre o assunto. A partir do conhecimento e da conscientização da importância da contribuição, a inadimplência tende a diminuir”, explica a contadora.
Uma das contribuições que todo MEI deve pagar é o DAS (Documento de Arrecadação Simplificada). Ele deve ser pago até o dia 20 de cada mês e custa, no máximo, R$ 50 (para empresas de serviços e comércio).
“A contribuição não é alta, mas muitos microempreendedores individuais atrasam o pagamento por falta de orientação ou por não estarem atentos às regras”, conta Mariolanda.
Além disso, todo ano o microempreendedor individual deve entregar a Declaração Anual do Simples Nacional (DASN) referente ao ano anterior. Essa obrigação é outra que o MEI corriqueiramente deixa de cumprir – em 2015, somente 47% das empresas do programa cumpriram o prazo para entrega.
Com esses tipos de atrasos, o empresário corre o risco de ser multado e de perder os benefícios que ganhou ao se formalizar, como auxílio-maternidade, auxílio-doença, aposentadoria e isenção de outros tributos.
Ajuda por aplicativo
Pensando em tornar mais fácil a vida do MEI, a Receita Federal o Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) lançaram um aplicativo específico para smartphones. Batizado de “APP MEI”, ele está disponível tanto para Android quanto para iOS.
Por meio dessa ferramenta, o empreendedor pode se informar sobre sua situação tributária, conferir se está devendo algo e até gerar o DAS para pagamento.
Além disso, o aplicativo ainda permite ao usuário consultar informações sobre CNPJ, informações gerais sobre o MEI, e inclusive fazer teste de conhecimento sobre microempreendedor individual.