Postado em 04/04/2016 – Fonte: Contabilidade na TV
Por Mario Elmir Berti, presidente da Fenacon
Muitas vezes, especialmente, numa época como esta, em que vivemos violenta crise econômica, com empresas de todos os segmentos sendo por ela atingidos e gerando desconforto, tomada de medidas indesejáveis e decisões pesadas, nós, empresários contábeis somos chamados, por óbvio, para a responsabilidade do momento.
E, embora se diga aos quatro ventos que nossa atividade é necessária, independentemente da situação em que o País se encontra, isto é, estando a empresa cliente bem ou mal, ela prescinde dos serviços de contabilidade, o que, em uma análise mais fria e sem profundidade, pode parecer que nossa atividade não sofreria os efeitos da crise. Ledo engano!
Acabamos de ver estatísticas, onde centenas de lojas simplesmente cerraram suas portas, paralisando atividade. E pode-se dizer que o segmento contábil deixou de ter, do dia para a noite, centenas de clientes em suas respectivas carteiras. E isto só falando em lojas, mas some-se a isto as industrias e as prestadoras de serviços.
Além do que, aqueles que, corajosamente, teimam em manter suas atividades em funcionamento, tiveram seus níveis de faturamento e de movimentação drasticamente reduzidos, o que tem levado a solicitar aos seus contratados, a redução de preços e renegociação de honorários contábeis.
E aí, é de se perguntar: como então dizer que as empresas contábeis passam ao largo da crise?
Quantos colegas estão sendo constrangidos a renegociar preços para baixo, demitir funcionários, rever custos e buscar novas alternativas de negócios?
Na verdade, o que se vê no mercado é uma verdadeira prostituição de preços de honorários, agravada ainda mais pelo momento que vivemos. Esquecem estes empresários de levar em conta, na fixação de seus preços, a enorme responsabilidade que representa cuidar da contabilidade de uma empresa.
Esquece também de levar em conta a enorme quantidade de obrigações acessórias que somos obrigados a entregar todos os meses e todos os anos. E o que é pior, estas exigências estão cada vez mais sendo incrementadas, pois na crise que atinge em cheio os cofres públicos, a necessidade de coibir sonegação faz com que se criem novas e pesadas obrigações que caem em nosso colo, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e de fácil cumprimento.
Some-se a isto as constantes ameaças de aumento de carga tributária, como se isto fosse a solução. Ora, com o País em crise, as empresas afundadas em dívidas e falta de saída, a resposta está sendo mais do que óbvia: a arrecadação de tributos sofre a cada mês, quedas inesperadas, o que demonstra que a economia não está girando e querer imputar novas e pesadas obrigações para que nós paguemos a conta, é, no mínimo, insano e incompreensível.
A crise vai passar. Sabemos disse. Mas até quando temos fôlego para suportar um momento tão difícil como este?
Usar a criatividade, buscar novos nichos de mercado, enxugar estruturas e rever conceitos está na moda.
Que cada um de nós, tenha a sabedoria, a inteligência e em última instância, a inspiração divina para encontrarmos as saídas e nos mantenhamos no mercado, com dignidade, ética e altivez.
* Mario Elmir Berti – Natural de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Atua na área contábil desde a década de 1970, quando fundou a Berti e Cia. Contadores Associados S/C – Organização Pardal. Ele participa de entidades sindicais desde 1995 e, entre os anos de 2001 e 2004, foi vice-presidente da Fenacon Região Sul.
Entre os anos de 2004 e 2010 foi eleito presidente do SESCAP-PR, tendo a gestão marcada pela expansão da entidade para o interior do Paraná. Em 2009, foi homenageado como a Personalidade Contábil do Ano, durante a IV edição do Perfil Empresarial do Paraná, promovido pelo Jornal Indústria e Comércio.
Ao deixar a presidência do SESCAP-PR, em 2010, Berti foi nomeado Diretor Adjunto de Políticas Estratégicas da FENACON, cargo no qual permaneceu até o final de 2013. No dia 14 de novembro de 2013 Berti também foi homenageado como “Contador do Ano” pela Associação Comercial, Industrial, Agrícola e de Prestação de Serviço de São José dos Pinhais (ACIAP). O novo presidente da FENACON ainda ocupa a cadeira de número 29 da Academia Paranaense de Ciências Contábeis.