Novo profissional tem a função de consultor de gestão e de ser um parceiro estratégico na tomada de decisão do administrador da empresa
Regina Diniz
Quanto mais o empresário tiver acesso às informações da empresa, com qualidade e transparência, mais terá sucesso em seus negócios. Esta premissa tem sido o argumento do desenvolvimento e aumento de demanda por um novo profissional, o consultor contábil. Um gestor que, mais do que registrar fielmente os dados da empresa, analisa e traça um raio X das operações internas e externas, servindo de bússola para auxiliar a tomada de decisões do administrador ou dono da empresa. Se no Brasil o movimento de ter um contador como consultor e parceiro de negócio da empresa ainda é tímido, a figura do contador é profundamente relevante dentro das organizações empresariais.
Para Tania Gurgel, sócia e diretora da TAF Consultoria Empresarial, o contador passou a ser um gestor e consolidador das informações, cabendo a ele o papel fundamental na consolidação das informações e na apuração correta desse resultado, transmitindo esses dados a todos os gestores. “Para que uma empresa alcance uma performance considerada ‘de sucesso’, além da gestão comercial e de resultado, uma das prerrogativas é o conhecimento em real time dos resultados de sua operação”, diz.
Aliado a isso, a adoção de regras e controles rígidos pelo Fisco, como o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), vem obrigando as empresas instaladas no Brasil, mesmo as microempresas, a manter impreterivelmente em dia seus balanços fiscais e pagamentos de tributos. Para se ter ideia do crescimento da fiscalização governamental e eficiência do controle fiscal, nos últimos três anos, a autuação fiscal teve um aumento de 110%. Em janeiro deste ano, a fiscalização da Receita Federal constituiu crédito tributário no valor de R$ 190,1 bilhões referente a 2013, valor recorde que superou em 63,5% o total das autuações ocorridas em 2012. Os dados foram apresentados pelo subsecretário de fiscalização substituto, Iágaro Jung Martins, durante uma entrevista coletiva sobre o balanço das ações de fiscalização do ano de 2013.É preciso tempo e dedicação para atender às complexas exigências das obrigações fiscais do país, o segundo com maior carga tributária do mundo, perdendo apenas para a Argentina. “Cerca de 36% do PIB brasileiro foi consumido pela pesada carga tributária em 2012, que atinge principalmente os pequenos e médios empresários”, afirma o presidente do Sescon-RJ, Lúcio Fernandes. Ele acrescenta que, de acordo com o Banco Mundial, o Brasil é o país onde mais se gasta tempo em obrigações fiscais: em torno de 2.600 horas por ano. “As empresas não têm tempo para respirar. Sempre existe alguma obrigação de prestar informação e, na maioria das vezes, em repetição, para o Fisco, o que aumenta a chance de erros e consequentes multas. É difícil uma empresa que não tenha ao menos um auto de infração por divergência de informações na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais, por exemplo”, alerta.
Para o presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis (Fenacon), Mário Berti, a presença do assessor contábil ainda é tímida no Brasil. Cerca de 10% das empresas constituídas têm esse perfil. Assegura, no entanto, que a demanda por esse profissional tem crescido. Segundo ele, o contador está assumindo o papel de assessor do sucesso da empresa, por ser através dele que passam todas as informações empresariais, para depois serem processadas. “Com esses registros e documentações, o contador tem condições de indicar o ponto de equilíbrio para projetar o futuro e corrigir o passado”, complementa.
Segundo o presidente do Sescon-SP, Sérgio Approbato Machado Júnior, as empresas têm percebido com mais facilidade o papel estratégico do empresário e do profissional contábil para a sustentação e o sucesso da empresa, já que os subsídios fornecidos pela ciência contábil são importantes para as tomadas de decisões. “Este relacionamento deve ser baseado na parceria, na confiança e na troca. Com o avanço da tecnologia, é importante destacar que esta proximidade é ainda mais necessária, porém a tendência é que seja cada vez mais de forma remota, com sistemas integrados, novos meios de comunicação e ferramentas comuns”, declara.
Para o gerente de controle tributário na Petrobras Distribuidora S.A., Elias da Silva Júnior, atualmente o mundo dos negócios tem como característica o alto nível de dinamismo e mudanças, especialmente em se tratando da matéria contábil e tributária. “Ter parceiros sintonizados com essas mudanças é essencial para a inovação na gestão e o compliance. Neste contexto, as empresas de consultoria contábil e de auditoria, cada vez mais integradas ao dia a dia de seu cliente, agregam importante valor para o sucesso das corporações”, diz.
25/04
Fonte: DCI – SP